Vítima do rigor e da tristeza Em negra estância, em cárcere profundo, O mundo habito sem saber do mundo. Como que não pertenço à Natureza. Enquanto pela vasta redondeza Vai solto o crime infesto, o vício imundo, Eu (não perverso) em pranto a face inundo, Do grilhão suportando a vil dureza. Mas no bojo voraz da Desventura, Monstro por cujas fauces fui tragado Em parte um pensamento a dor me cura: O infeliz (não por culpa, só por fado) Naqueles corações em que há ternura, É mais interessante, é mais amado. Bocage